domingo, 27 de maio de 2012

Bicho de Sete Cabeças (2001) - Filme Completo Online - Brainstorm (2001) - Full Movie Online
















Bicho de Sete Cabeças é um filme de drama brasileiro de 2001 dirigido por Laís Bodanzky e com roteiro de Luiz Bolognesi baseado no livro autobiográfico deAustregésilo Carrano Bueno, Canto dos Malditos. O filme foi realizado com a parceria entre as produtoras brasileiras Buriti Filmes, Dezenove Som e Imagens Produções Ltda. e Gullane Filmes com a participação da brasileira Rio Filme Distribuidora e da italiana Fabrica Cinema, e teve grandes nomes no elenco comoRodrigo Santoro, Othon Bastos e Cássia Kiss.
O filme conta a história de Neto, um jovem que é internado em um hospital psiquiátrico, após seu pai descobrir um cigarro de maconha em seu casaco. Lá, Neto é submetido a situações abusivas. O filme além de abordar a questão dos abusos feitos pelos hospitais psiquiátricos, também aborda a questão das drogas e a relação entre pai e filho.
Bicho de Sete Cabeças foi amplamente aclamado de um modo geral, recebendo vários prêmios e indicações, dentre eles, o Prêmio Qualidade Brasil, o Grande Prêmio Cinema Brasil, e o Troféu APCA de "Melhor Filme", além de ser o filme mais premiado do Festival de Brasília e do Festival do Recife. O filme abriu portas para uma nova maneira de pensar sobre as instituições psiquiátricas no Brasil e em torno disso foi aprovada pelo Congresso Nacional, uma lei que proíbe a construção dessas instituições.
Sinopse


Os pais de um jovem descobrem um cigarro de maconha em seu casaco e são aconselhados a internar o filho numa instituição psiquiátrica. Instituição esta que usava de recursos torturosos para lidar com os pacientes, fazendo cada vez mais seus internos, sequelados ao longos de suas estadias na clinica.
Elenco
O grande elenco de Bicho de Sete Cabeças foi premiado em vários festivais. Seus atores e atrizes receberam prêmios de "Melhor Ator", para Rodrigo Santoro, "Melhor Atriz" para Cássia Kiss e "Melhor Ator Coadjuvante" para Gero Camilo e Othon Bastos
  • Rodrigo Santoro como Neto, um jovem que é internado em um hospital psiquiátrico após seu pai descobrir um cigarro de maconha em seu casaco. Foi o primeiro longa-metragem de Santoro.
  • Othon Bastos como Sr. ou Seu Wilson, pai de Neto.
  • Cássia Kiss como Meire, mãe de Neto.
  • Caco Ciocler como interno Rogério.
  • Jairo Mattos como enfermeiro Ivan.
  • Valéria Alencar como Leninha.
  • Gero Camilo como interno Ceará.
  • Marcos Cesana como interno Bil ou Biu.
  • Altair Lima como Dr. Cintra.
  • Linneu Dias como interno Jornalista.
  • Luis Miranda como enfermeiro Marcelo.
  • Gustavo Machado como Lobo.
  • Cláudio Carneiro como Alex.
  • Talita Castro como Bel.

Produção
Foi em 1996, quando fazia parte de um grupo de pesquisa sobre Saúde Mental no Brasil, que Laís Bodanzky leu pela primeira vez o livro Canto dos Malditos, de Austregésilo Carrano Bueno, ficando impressionada com sua narrativa. Ela então convidou o roteirista Luiz Bolognesi para adaptar a história de Carrano para os cinemas, por saber que ele tinha um olhar sobre o mundo parecido com o dela e teria bastante respeito sobre o tema abordado. O que Bodanzky disse a Bolgnesi era que queria transpor a história vivida por Carrano nos anos 70 para os dias de hoje, porque, na verdade, não havia mudado nada atrás dos muros, e ela queria causar esse impacto no espectador. Ela percebeu que o universo da loucura é um tema tabu, e mesmo com toda a dificuldade, isso a estimulava ainda mais a correr atrás e levantar a produção para o filme. Também disse que se a história não fosse tão "ardida" ou tão necessária, talvez ela não tivesse feito o seu primeiro longa; ela disse que sentiu que tinha que contar essa história. O título do filme, Bicho de Sete Cabeças, foi tirado de uma canção de Zé Ramalho e Geraldo Azevedo

Roteiro

Bicho de Sete Cabeças foi o primeiro longa de Bodanzky e segundo ela, o roteiro foi a peça-chave no filme. Muitas pessoas foram atraídas pelo roteiro, como os atores Rodrigo Santoro,Othon Bastos e Cássia Kiss, os produtores Caio e Fabiano Gullane e Sara Silveira, e o co-produtor Marco Müller, da Fabrica Cinema. Para sua adaptação do livro, Bolognesi decidiu trabalhar da maneira mais livre possível, considerando o livro uma peça de inpiração do trabalho, mas com a liberdade irrestrita para inventar situações, personagens ou até modificar a personalidade dos personagens. Carrano logo depois aceitou, conforme o que o roteirista e a diretora disseram: "Nosso desejo era manter a espinha dorsal da história, ventilando-a para o grande público, mas com a liberdade de recriar o que achássemos necessário para a eficácia da narrativa cinematográfica." Bolognesi procurou criar um Neto muito mais tímido do que o articulado e carismático Carrano. O roteirista também queria que Neto não fosse o líder da turma, mas apenas um dos alunos da sala de aula. O objetivo segundo ele "era construir um personagem que espelhasse o espectador comum e não anunciasse um herói."[ O roteirista também sentia a necessidade de construir um segundo eixo narrativo, então ele construiu uma relação entre pai e filho, outro tabu enfrentado pela sociedade, tratando-a como uma história de amor e ódio. Como inspiração para esse relacionamento, ele citou o livro Carta ao Pai, de Franz Kafka.
A primeira versão do filme foi escrita em 1997 durante uma viagem com o Cine Mambembe. Naquele perído, Bodanzky e Bolognesi viajavam pelo interior do Brasil projetando curtas brasileiros em praças e escolas. Essa viagem ajudou Bolognesi a escrever a primeira versão do filme. Depois da viagem, o roteiro foi comentado por Bodanzky e recebeu críticas fundamentais de alguns colaboradores. Durante dois anos, o roteiro foi reescrito cinco vezes. Por último e mais importante, poucos meses antes das filmagens, Carrano leu e aprovou o roteiro.

Preparação do elenco e montagem
Sérgio Penna foi quem fez a preparação do elenco do filme. Durante a preparação dos atores, foi feito um trabalho de desconstrução da figura superficial e preconceituosa dos lugares e das pessoas que habitam os hospitais psiquiátricos. O desafio era construir uma imagem na qual pudesse revelar aspectos mais humanos e profundos. Os atores fizeram um estudo profundo sobre esse universo quase desconhecido. Quando questionada em uma entrevista da Isto É Gente, se foi difícil trabalhar com o ator Rodrigo Santoro, Bodanzky respondeu:
Nunca pensei em outra pessoa para o papel... Quando o vi, fiquei impressionada com a entrega dele para o papel. Sabia que Neto era ele.
— Laís Bodanzky sobre Rodrigo Santoro
Durante a sua pesquisa para o personagem, Santoro visitou instituições psiquiátricas, observando os pacientes que ali se encontravam. Atores que são usuários de serviço de saúde mental, integrantes do Grupo Pazzo a Pazzo e da Cia. Teatral Ueinzz, ambos dirigidos por Penna, também participaram, como convidados. Eles interpretaram personagens que não estão no ambiente manicomial; isso foi uma opção da preparação de elenco e da direção.
Bolognesi e Bodanzky ficaram, durante quatro meses, montando o filme em Trieste, na Itália, com a dupla de montadores italianos Jacopo Quadri e Letizia Caudullo. Eles então ordenaram o material e fizeram o primeiro corte como o roteiro indicava e foi filmado. De acordo com Bolognesi, o filme foi "sonhado, escrito e filmado" para os brasileiros. Para isso, eles precisavam ouvir as opiniões dos brasileiros, e assim retornam ao Brasil. Depois de algumas sessões no Brasil, eles descobriram que o filme não dava certo. De volta para a Itália, eles reescrevem uma possível estrutura para o filme, e no avião nasce o Bicho de Sete Cabeças. O que eles fizeram foi concentrar o foco narrativo em Neto, retirando algumas histórias e personagens paralelas, e também trabalhar mais na relação entre pai e filho. Finalmente, ainda faltava convencer o produtor italiano e os montadores. De um grande debate sobre as mudanças propostas, nasceu a versão final do filme.

Música

No período em que Bolognesi estava reescrevendo o seu roteiro, Bodanzky sugere que ele ouça Arnaldo Antunes. De acordo com o roteirista, ele encontrou algumas canções que pareciam ter sido compostas para o filme. A trilha sonora foi composta por André Abujamra que chegou a usar o recurso de distorcer alguns sons do próprio filme para compor sua trilha. Fazem parte da trilha sonora, além de Antunes e Abujamra, os cantores Décio Rocha, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Zeca Baleiro, a banda de rap Zona Proibida e a banda de punk rock Infierno.
Lançamento e aclamação
Bicho de Sete Cabeças teve sua sessão de estreia em outubro de 2000, onde foi selecionado e exibido no Festival do Rio. No mesmo mês, foi o único filme brasileiro escolhido pelo público como um dos 12 melhores filmes da Mostra de Cinema Internacional de São Paulo. O filme participou de vários festivais como o Festival de Brasília e o Festival do Recife, sendo o mais premiado em ambos. No início de 2001, diante de um público de 2 mil pessoas, o filme foi exibido em Praça Pública no Festival de Tiradentes, em Minas Gerais, conseguindo uma ótima recepção do público, que conferiu em 89% de ótimo e 11% de bom do voto popular. Bicho de Sete Cabeças ficou em cartaz em circuito comercial em 22 de junho de 2001. De acordo com o Projeta Brasil Cinemark, o filme foi a segunda melhor bilheteria do evento de 2001 e foi visto por 21.268 pessoas. A primeira posição pertence a A Partilha, uma comédia de Daniel Filho, com 24.899 espectadores. No Brasil, o filme foi visto por cerca de 450 mil espectadores nos cinemas e quando teve sua exibição na Rede Globo, atingiu média de 37 pontos de audiência.
A partir de agosto de 2001, o filme começaria a participar de festivais internacionais. A primeira exibição de Bicho de Sete Cabeças fora do Brasil aconteceu no 54º Festival de Locarno, na Suíça. Foi muito bem recebido e aplaudido pelo público em vários outros festivais internacionais, incluindo festivais na Alemanha e no Canadá. Ganhou o prêmio de "Melhor Filme" no 10º Festival de Cinema e Cultura Latino Americana de Biarritz e no Festival de Creteil, na França.
O filme também foi um dos grandes vencedores do 1º Grande Prêmio Cinema Brasil levando para casa sete prêmios, dentre eles o de "Melhor Filme", o de "Melhor Ator" para Rodrigo Santoro, "Melhor Direção", "Melhor Roteiro" e de "Melhor Ator Coadjuvante" para Othon Bastos. Santoro ganhou muitos prêmios e foi elogiado pela sua atuação como Neto, e Laís Bodanzky também recebeu vários prêmios pela sua direção do filme. Em uma entrevista feita por Marília Gabriela no canal GNT, Santoro comentou a respeito: "Nunca havia sido premiado em nada antes, nem em bingo, rifa ou qualquer outro sorteio..." Bicho de Sete Cabeças foi pré-selecionado para a 74ª edição do Óscar, em 2002, para concorrer na categoria "Melhor Filme Estrangeiro".


Questões sociais
O filme aborda questões sociais como os abusos sofridos pelos pacientes dos hospitais psiquiátros cometidos pelos medicos e funcionários desses locais, a questão das drogas e a relação problemática entre pai e filho. Essas abordagens renderam críticas positivas sobre o filme e fizeram com que as pessoas repensassem antes de internar seus filhos em alguma instituição. Carrano se refere às intituições como "chiqueiros psiquiátricos", e quando pergutado a ele se Laís Bodanzky fizera uma adaptação fiel de seu texto, ele respondeu:
Cquote1.svgAcho que o filme ficou na dosagem certa, embora não passe nem 10% do que nós pacientes psiquiátricos passamos dentro desses chiqueiros psiquiátricos, que ainda hoje são verdadeiras "casas de extermínio". Quando comparo essas instituições do terror com casas de extermínio, não é só pelo fato de 80% dos internos morrerem ou virarem moradores lá dentro, mas também pela prisão física e química às quais somos submetidos, ou seja, uma morte em vida que nos leva ao zumbinismo.Cquote2.svg
Austregésilo Carrano Bueno[32]
Em suas análises, os críticos trataram de comentar sobre a importante temática social, econômica e cultural abordada no filme, como a falta de informação sobre os centros de internação e a falta de diálogo entre as famílias. Segundo a análise de Sandra Etges, membro analista do CEL-RS, Instituição Psicanalítica do Rio Grande do Sul:
Cquote1.svgO filme "Bicho de 7 cabeças" apresenta o usuário de drogas típico dos anos 60-70, onde o que estava implícito no uso das drogas era, ainda, o caráter de contestação à severidade paterna, trazendo a bandeira do anti-asilamento, mas não adotando a bandeira anti-drogas, e poderíamos dizer que o asilamento repressivo como mostra o filme, e a dependência às drogas, são igualmente nocivos.Cquote2.svg
Sandra Etges
O crítico de cinema Ruy Gardnier escreveu em sua análise que o filme "foca claramente na questão manicomial e tenta denunciar como uma prática "científica" dá resultados incompatíveis com aquilo que ela prega". Também observou que o filme é quase em primeira pessoa, "que denuncia uma ocorrência, mas jamais tenta capturar todas as complexidades que giram em torno das práticas de saber psiquiátricas que estão por trás dos manicômios, muito menos investigar a natureza da loucura."
Ludmila Carvalho do jornal A Tarde, escreveu que "com um olhar franco e urbano sobre a juventude, Bicho de Sete Cabeças consegue ser tão intimista quanto Garota Interrompida e ao mesmo tempo denunciar a situação calamitosa a que chegou o tratamento da saúde mental neste país." Adicionando que "questões como as sequelas causadas pelos remédios e sessões de eletrochoque e a impossibilidade de readaptação à sociedade são introduzidas no filme de maneira sutil e inteligente".
Equipe
Críticas positivas não faltaram para os atores e para a produção. Ruy Gardnier elogia o filme escrevendo que ele "seduz por uma fluência de narrativa e um jogo de câmera raros no cinema brasileiro, por interpretações excelentes dos protagonistas e dos coadjuvantes..." Marcelo Forlani, do site Omelete, elogiou o ator Rodrigo Santoro por sua atuação que, de acordo com ele, "beira a perfeição", o ator Gero Camilo e todos os demais internos dos manicômios, citando que "é difícil acreditar que os atores ali não sejam loucos de verdade". Também destacou a fotografia e a edição de som, na qual seria outro fator que diferencia Bicho de Sete Cabeças dos outros filmes. Beth Andalaft, do site Universo HQ, também elogiou a atuação de Camilo, colocando em sua análise que ele "rouba a cena, dando um show de interpretação", e os outros atores do filme, escrevendo que eles "estão em seus melhores desempenhos".

Anexo:Lista de prêmios e indicações recebidos por Bicho de Sete Cabeças Click aqui

                                                             IMBD

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